sábado, 1 de agosto de 2009

Modo de vida quebecoise

Me chamou muita atencao o postura dos pais em Montreal. Sao sempre os homens que estao levando as criancas para escola, para os parques, shopping e sao eles que empurram os carrinhos (inclusive duplos) e usam o suporte no corpo para carregar o bebe. Nao eh raro encontrar no onibus ou metro, apenas o pai com o filho no colo, conversando ou lendo. Uma imagem que nao lembro da ultima vez que vi em minha cidade. Infelizmente, conheco poucos `pais` soteropolitanos.


Livros a mao cheia!!! A cena mais comum em onibus e metros eh a de criancas, jovens, adultos e idosos, com fones no ouvido, lendo. Jornais, livros, revistas e mapas sao acompanhantes em todos as viagens. Por isso, barulho nas viagens, somente do motor. Ha diversos jornais por aqui e muitos sao distribuidos gratuitamente nas estacoes de metro.


Todo mundo pedala em Montreal. Talvez a bicicleta seja o segundo transporte dos quebecoises (apos o metro e antes dos onibus, estes sempre vazios). Ha pistas exclusivas para as bikes. Voce pode alugar uma em varios pontos da cidade. Passa seu cartao ou coloca suas moedas, pega a magricela e vai pedalando. Depois eh so deixar na ponto de aluguel mais proximo. Alem de ambientalmente responsavel (bicicleta nao polui) o habito garante um corpo mais saudavel. Inclusive, alguem me falou mas eu nao reparei, homens e mulheres aqui tem bundas salientes, em virtude das pedaladas e subidas de ladeira. Sorry, nao posso confirmar.


Em Montreal o humor eh muito valorizado, atraves de pecas teatrais e apresentacoes artisticas em parques. Um grande Festival acontece todos os anos na cidade, reunindo espetaculos de comedia, shows e bate papo com comediantes. Lojas como esta abaixo sao especificas para produtos de humor. Dizem que o quebecoise eh comico e adora rir. A julgar pelo alto astral dos meus professores posso ter uma ideia da veracidade dessa afirmacao.


Nesta cidade, os parques sao lindos e muitos. O verde bem tratado eh um belo convite para passeios em familia, lunch no break do trabalho ou um merecido descanso na sombra protegido do sol. Eh comum engravatados comendo sanduiches nos parques ao meio dia, pessoas lendo, carrinhos de bebe e muita gente dormindo tranquila, com suas bolsas ou sacolas ao lado.

domingo, 26 de julho de 2009

Musica no Parque Jean Drapeau

O Parque Jean Drapeau eh uma grande area verde formada pelas ilhas de Santa Helena e Notre Dame, na regiao Sul da cidade de Montreal. As ilhas sao banhadas pelo Rio Sao Lourenco (San Lawrence ou Saint Laurent, dependendo da escolha da lingua inglesa ou frances) e ligadas pela ponte Jacques Cartier. O acesso eh rapido atraves do metro (linha amarela, partindo da estacao Berri-Uquam) que `mergulha` no rio em poucos minutos em direcao a cidade de Longueuil.

No Parque Jean Drapeau esta o Biosphere, um grande museu natural, com exibicao de especies animais, em especial, marinhas. La acontecem debates e exposicoes sobre temas climaticos. Por fora eh uma linda obra de engenharia, que remete ao Globo Terrestre. Foi criada pelo arquiteto americano Buckminster Fuller para a Expo 67. Para entrar, os adultos pagam 12 dollares, estudantes e pessoas com mais de 60 anos, pagam $8 e menores de 18 nao pagam nada. Ah, tem tambem desconto para usuarios de transportes verdes (ecologicos) como bicicleta e metro – como quase todos os moradores de Montreal.

Festivais - No parque ha praias, piscinas e muita area para pratica de esportes, piquiniques e shows, como os que aconteceram neste sabado, 25 de julho.
No mesmo dia, tres grandes festivais movimentaram o Parque Jean Drapeau: Festival Cubain, com ritmos da ilha de Cuba, como a salsa; o Eurofest, com manifestacoes culturais de paises europeus e o Jamaica’s Day, um animado encontro das familias jamaicanas que vivem em Montreal. Na programacao, nao somente o reggae, mais popular ritmo da ilha onde nasceu Bob Marley, como tambem Hip Hop, baladas pop e romanticas e ate musica Gospel. Destaque para jovens artistas que se apresentaram para uma plateia formada por outros jovens, idosos e criancas. Muitos usavam dreadloks ou trancas, independente da idade ou sexo.

Ao redor do palco, stands vendiam os apimentados pratos da culinaria jamaicana, alem de roupas, bandeiras e outras lembrancas do pais. Os maiores patrocinadores do Jamaica’s Day, assim como do Festival Cubain, foram agencias de viagem e empresas de transferencia internacional de dinheiro. Interessadas em divulgar seus produtos, dada a importancia do dinheiro enviado por imigrantes que moram aqui no Canada para as familias que ficaram no Caribe, em paises pobres como a Jamaica e o Haiti.





Imagens do Parque Jean Drapeau

Destaques do Parque Jean Drapeu neste sabado, 25 de Julho:


Varias geracoes da familia jamaicana se encontraram no parque


O patrocinio da Money Transfer e de agencias de viagem


Detalhe do verde do parque com a ponte Jacques Cartier ao fundo


As cores da Jamaica.


Local para namoro, esporte ou conversa com os amigos.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Je suis negre, je suis bon

O Festival Internacional Nuits D’Afrique comecou no dia 14 de julho,
porem somente a partir de desta quinta-feira, 23, comecaram as
apresentacoes gratuitas na Place Emile Gamelin (proximo ao metro
Berri-Uqam). Serao quatro dias (ate domingo) de performances de
artistas de diversos paises da Africa e representantes da Diaspora, como Trinidad,
Guadalupe, Ilhas Mauricio, Cuba, Republica Dominicana etc. Nesta sexta
feira, 24, a programacao comecou com uma oficina de capoeira do
Brasil.
O Festival esta em sua 23º edicao e conta em sua trajetoria
com a presenca de nomes como Miram Makeba (Africa do Sul) e Youssou
N’Dour (Senegal), entre outros.
Na tarde desta quinta-feira, assistir ao show persussivo de Nii, de Ghana, e o reggae pop de Idy Oulo, de Camaroes. Muito animada a plateia repetiu o refrao de uma das musicas de Idy Oulo, que dizia: `Je suis negre, je suis bon`. O cantor
completou dizendo: Je suis negre, comme Mandela, Je suis negre comme
Obama, Je suis negre, comme Biko…e assim foi lembrando varios icones
negros.
Nii, de Ghana


Idy Oulo, de Camaroes


Mercado Negro







A Feira do Festival Nuits d’Afrique eh super movimentada, com stands vendendo roupas e artesanatos africanos e sul-americanos (muitos comerciantes mexicanos), souvenirs do festival e Cds de musica negra e de artistas que participaram do Festival em anos anteriores. Encontrei muitos cds promocionais por 5 dollares, inclusive os brasileiros Nei Lopes (samba) e Rosa Passos (Bossa Nova), alem de outros imprestaveis por 1 dollar.
As comerciantes africanas, a maioria do Senegal, Quenia ou Costa do Marfim, conversavam entre si em dialeto diferente e, com os clientes, em frances. Uma me fez lembrar os artistas do Pelourinho, em especial da nossa pintora Eni, pois, sem paciencia de falar comigo em ingles, me mostrou o preco de uma roupa utilizando as teclas do celular. Um barato.
Adorei os produtos (e precos) de um stand mas, quando pedir para que a africana falasse comigo em ingles, ela chamou uma mulher branca, toda paramentada, com tecidos africanos e cabelo trancado, que comecou a falar da qualidade dos produtos e do que significava cada desenho da estampa. Nao comprei, claro. Em toda parte os brancos acham que podem ser nossa bengala.
Cheguei finalmente ao ultimo stand, onde uma linda negra me recebeu em frances. Respondi em ingles e ela tentou, com certa dificuldade, conversar sobre seus produtos. Quando eu disse que era brasileiro, ela ficou feliz da vida, pois sua mae mora em Brasilia e ela propria ja havia morada um ano em nosso pais. Awa eh do Senegal e esta ha cinco anos em Montreal. Ela faz faculdade de Biologia e trabalha com tecidos e produtos africanos com seu irmao. Lembrou de varias palavras em portugues, o suficiente para dizer, na lingua de Camoes, que amava o Brasil. Ela conheceu Salvador em uma rapida viagem com a mae para um festival de danca e cultura negra (claro). Sua mae trabalha na Diplomacia do Senegal em Brasilia e Awa espera voltar ao nosso pais.
Comprei na mao dela, claro, mas nao deixei de pedir um abatimento, pois entre irmaos, pode.

Nas fotos a alegria das africanas que cantavam e gritavam no show de Idy Oulo; a beleza e o jeito especial de pegar a roupa de Awa; e eu ao lado do ganense, Nii.

domingo, 19 de julho de 2009

Trinidad e Tobago's Day

Eh verao em Montreal e isso ja eh um bom motivo para ir ao parque, aproveitar o dia com os amigos ou com a familia.
A comunidade caribenha que vive em Montreal, em especial os oriundos de Trinidad e Tobago, tiveram um razao a mais neste domingo, 19 de julho. Hoje foi realizado no Parque Angrignon o Trinidad e Tobago’s Day, um dia inteiro de festa para celebrar os homens e mulheres que deixaram o seu pais em busca de uma melhor qualidade de vida, oferecida pelo Canada.
Pessoas como minha host Edlyn Taylor, que chegou em Montreal ha mais de 30 anos e aqui estruturou uma vida estavel. Apesar de continuar ralando muito, possui aqui muito mais conforto, seguranca e tranquilidade.
No Parque Angrignon, muita gente usando roupas vermelhas, a cor de maior destaque na bandeira de Trinidad e Tobago (alem do branco e preto). A animacao foi dada por bandas que tocaram o calypso, genero de maior sucesso no pais, alem de outros ritmos caribenhos como suka. Em cima do palco, dancarinas e casais em passos sensuais, para aplausos do publico formado por criancas, idosos e muitos jovens.
Destaque para uma banda de steelpans, os tambores de aco, instrumentos de percussao originarios das ilhas de Trinidad e Tobago. Sao parecidos com tuneis de aco, de tamanhos variados e tocados sempre com baquetas, por criancas e adultos. O som eh maravilhoso, semelhante a boas orquestras de jazz.
Trinidad e Tobago eh um pequeno pais, localizado entre o Mar do Caribe e o Oceano Atlantico e bem pertinho da Venezuela. Eh formado por duas ilhas, Trinidad, onde esta a capital do pais, Port of Spain, e Tobago, onde acontecem as principais manifestacoes de cultura popular como Carnaval. Seus mais de um milhao de habitantes falam o ingles, gracas a colonizacao dos ingleses, que expulsaram os espanhois das ilhas em 1802. Trinidad e Tobago tornou-se independente da Inglaterra, em 02 de agosto de 1962. Eh o país com a segunda maior população de língua inglesa na região, depois da Jamaica.
Por falar na terra de Bob Marley, no proximo sabado, 25, eh a vez de Montreal dancar no balanco do reggae. Sera o Jamaica’s Day. E eu estarei la, of course.
As fotos abaixo, foram tirades por meu brother, Kwon Yong Rak, da Coreia, que cedeu para o Je me souviens. Enjoy!










Festa caribenha no Parque Angrignon